De acordo com o último levantamento do Anuário, houve uma redução de 12,6% nos registros de roubos e furtos de celulares do país, com destaque para o Piauí, onde a queda chegou a 29,7%, atribuída a um programa pioneiro de recuperação de aparelhos. Entretanto, a eficiência na devolução aos proprietários é alarmante, atingindo apenas uma recuperação para cada 12 celulares roubados, devido às entraves burocráticos no processo.
Analistas alertam que o roubo de celulares deixou de ser uma atividade isolada, tendo se tornado uma escala quase industrial, com redes de transporte e receptação distribuídas estrategicamente, muitas delas vinculadas a organizações criminosas como o PCC. O mercado negro movimenta rapidamente os aparelhos apreendidos, com muitos sendo utilizados em golpes bancários, desmontados para venda de peças ou exportados para regiões onde o IMEI não é rastreável.
Apesar de uma média anual de aproximadamente um milhão de ocorrências desde 2018 até 2024, a pandemia provocou uma queda significativa devido ao isolamento social. No entanto, o aumento de 15,3% em 2022 revelou que a redução anterior foi mais fruto da menor circulação de pessoas do que de ações efetivas do Estado.
O aumento na proporção de furtos, que atingiram 56% em 2024, sugere uma menor utilização de violência, embora casos de latrocínios ainda ocorram, com subnotificações em algumas regiões. A maioria dos crimes acontece em vias públicas, concentrando o problema em grandes centros como São Paulo, que responde por 31% dos roubos, e suas regiões metropolitanas.
Em termos de marcas, a Samsung domina o mercado de celulares roubados, com 37,5%, seguida pela Apple, Motorola e Xiaomi, refletindo sua participação no mercado nacional. A recuperação de aparelhos também é reduzida, com poucos estados conseguindo devolver uma porcentagem significativa dos dispositivos, destacando-se Santa Catarina e Acre, enquanto o Pará enfrenta dificuldades extremas na devolução.
A atuação das forças policiais revela um esforço, porém insuficiente, para combater a escala do crime, com poucos aparelhos retornando às vítimas devido a processos burocráticos. Os estados mais dedicados às políticas de recuperação obtiveram melhores resultados, como Piauí e Pernambuco, enquanto São Paulo, que concentra a maior quantidade de roubos, apresenta uma das taxas mais baixas de devolução.
O perfil do criminoso aponta maior incidência em homens, jovens adultos de 20 a 39 anos, principalmente negros, concentrados nas grandes cidades. Os aparelhos roubados são rapidamente inseridos em redes criminosas, utilizados em fraudes, desmontados para venda e exportação, principalmente para fora do Brasil, dificultando a rastreabilidade através do IMEI.